Crônica do sobá
Ao passar por um conhecido nos corredores movimentados do shopping local, observo sua inquietação ao me perceber: “cumprimentar? Não cumprimentar?” seus olhos denunciam suas inquietações.
O que há por detrás dessa dificuldade em dizer “oi”, “olá” ou um simples aceno com a cabeça? Quanta inquietação!
Olhar desviado. Uma busca cega em se esconder: ”Quero ser invisível!”, seria o que ouviria se tivesse o dom de ler pensamentos. Talvez fosse necessário um a análise psíquica coletiva anexada aos programas municipais de saúde. Um sorriso brota em minh’alma, acompanhada de uma tristeza preocupante, junto à uma vontade de mudança e incapacidade.
Passos às vezes diminuídos, às vezes apressados. De repente a mesma aflição me domina: será que devo ir até ele e dizer uma palavra de conforto? E se eu for repreendido ou ignorado? Um pavor desponta meio tímido, mas perceptível.
Entrar numa loja? Que tal o banheiro!? Que nada! Decido então seguir em frente normalmente. Ah! Quer saber? Princípios devem ser levados para a vida inteira. Não vou deixar com que me torne mais um.
Dirijo-me até o referido cidadão, sua feição suaviza e um leve sorriso brota dos seus lábios e uma frase que diz: “- Professor Wagner, que bom vê-lo por aqui! Pensei que você não havia me reconhecido”.
Ufa! Que alívio! Realmente a vida é feita de atitudes.
“Caminhei um longo caminho para a liberdade. Foi uma longa jornada. Mas ela ainda não acabou. Eu sei que meu país não foi feito para ser uma terra de ódio. Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da pele. As pessoas aprendem a odiar. E podem ser ensinadas a amar. Pois o amor vem de forma mais natural para o coração humano.”
(Nelson Mandela)